O Livro dos Médiuns
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“O Livro dos Médiuns” é uma das cinco obras que constituem a Codificação da Doutrina Espírita. Reúne “o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os tropeços que se podem encontrar na prática do Espiritismo”. Apresenta ainda, na parte final, precioso vocabulário básico espírita.
As primeiras investigações de Kardec tinham por foco um fenômeno bastante comum em meados do século XIX, na Europa e nos Estados Unidos: o das chamadas mesas girantes ou dança das mesas, em que certa quantidade de pessoas se reuniam em torno de mesas para se entreter com deslocamentos insólitos e aparentemente involuntários realizados por esses móveis. Apesar do nome, era comum, segundo diversos relatos da época, a ocorrência de fenômenos semelhantes com objetos variados.
Após dois anos de investigação, Kardec se viu particularmente convencido da hipótese mediúnica como a forma mais consistente de explicar certas ocorrências de movimentação espontânea de objetos. Isso porque, para além dos simples deslocamentos aleatórios, perfeitamente atribuíveis a causas naturais, Kardec catalogou o que denominava manifestações inteligentes, ou seja, movimentos que recorriam a sistemas simbólicos para estabelecer um canal de comunicação com um entrevistador. Alguém fazia uma pergunta e estabelecia critérios como "uma batida para sim, duas para não", e, em certos casos, um interrogatório feito à exaustão obtinha sucessivas respostas corretas. Com o tempo esse método de comunicação foi sendo depurado, passando pelo uso de um lápis amarrado a um cesto em cuja borda um ou mais médiuns colocavam seus dedos, até chegar à moderna técnica da psicografia.
Assim, Kardec se empenhou em fazer um estudo analítico das diversas modalidades de comunicação estabelecidas entre homens e espíritos, que resultou em O Livro dos Médiuns.